segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uma breve conversa...

Ele estava parado. Encostado ao muro, como se fosse uma pessoa qualquer. Olhava para o 2º andar, como se esperasse que alguém fosse aparecer. Estava certo. Realmente, alguém apareceu.

Seus olhos mantinham na janela, a espera de que a pessoa que apareceu, lhe daria algum sinal. Viu um singelo sorriso de alguém familiar e as cortinas se fechando. Logo após, ele abaixou os olhos, respondeu ao sorriso – ninguém o observava. Atravessou a rua, apertou o interfone.

Quando a porta abriu, deu um suspiro e caminhou até a entrada principal. Acenou para o porteiro, já conhecido. Subiu o elevador, consciente do que estava por vir, mas certo de que tudo seria resolvido. Como sempre foi.

Apertou a campainha, não demorou muito, a porta abriu. E aquele mesmo sorriso familiar visto anteriormente da janela, o convida para entrar. Um consentimento com a cabeça e lá estavam novamente, frente a frente.

- E então..como tens passado? – pergunta ele, meio desconcertado.

- Bem...levando em conta tudo que passou.

- Entendo...ainda pensas nisso como algo que te magoa?

- Não...já passei dessa fase. Ao menos é no que quero acreditar (risos).

- Que bom...fiquei sabendo que estavas mal..não queria que se sentisse assim. Sabe como te considero, não gosto de te ver mal.

- Tanta consideração para quê? Afinal, já faz mais de 2 anos, e ainda estamos...assim.

- É complicado, você sabe, já te expliquei mais de...

- Não quero mais saber – ela o corta, sem chances de resposta – Exatamente por ter ouvido tantas explicações, que prefiro não mais escutá-las. Melhor deixar as coisas como estão. Além do que, não veio aqui para isto. Ou me engano?

- Não. Não exatamente. De certa forma, ainda penso muito em nós dois. Sei que prometi não tocar mais no assunto, só que não consigo.

- Lá vem você novamente. Sempre a mesma historia. Diz que não consegue deixar de pensar em nós, mas não resolve de uma vez nossa situação. Não dá. Não vou mais parar a minha vida e esperar você decidir algo que nunca decide. Eu também tenho minhas vontades. A história de esperar eternamente pelo amado só acontece em novelas ou na época dos meus avós.

- Espera...você pode me ouvir pelo menos? Não estou cobrando nada de você. Você ainda está sozinha, que eu sei. Olha, eu prometo que, dessa vez, vai ser diferente. Tem que acreditar em mim! Pisei na bola, eu sei. Mas agora estou, realmente, disposto a te compensar. É só você pedir. Peça!!

- Não vou te pedir isso, nem nada relacionado, Você que tem que me provar que está mesmo disposto.

- Como?? O que você quer que eu faça? O que eu preciso fazer pra te provar?

- Faça o que você acha que tem que fazer. Não é o que eu quero, é o que você quer. Quer mesmo ficar comigo? Então me mostre até onde vai esse seu amor – que você diz sentir – e do que ele é capaz. Já te pedi uma vez e até agora não tive o resultado que queria. Então não vou mais pedir, quero que você me convença por seus méritos. Consegue?

- Posso tentar...

- Já é alguma coisa (silêncio).

- Tudo bem. Se é isso que você quer, vou te provar. Ainda não sei como, não sei o que fazer. Mas farei. Quando a gente volta a conversar?

- Se você fizer por merecer...mais cedo do que você imagina.

- Entendi. Nada de marcar. A gente simplesmente, se encontra por aí?

- É...a gente se encontra por aí. Quero ver o que você pode fazer.

- Perfeito...a gente se fala.

Ele sai, sem muitas palavras. Novamente, desce o elevador, passa pelo porteiro e se retira, só não da mesma forma que entrou, porque agora ele tem um motivo maior. Só pensa no que foi dito e no que irá fazer. Motivado pelo seus objetivos, ele segue pela rua, envolto em pensamentos. Não era o que esperava quando entrou naquele prédio, mas sempre gostou de desafios. Porém, agora, é um desafio diferente, vale mais.

Pela janela, ela observa, na esperança de que, ao menos essa vez, ele não a decepcione, e ela não se arrependa. Nada a deixaria mais feliz que voltar a viver momentos com aquela pessoa que acabara de sair de sua casa. Uma pessoa que marcou sua vida – não só pelo amor que sente – mas, também, pelas decepções que passou. Sua expectativa maior é que ele possa retribuir o que nunca conseguiu durante o tempo em que viveram tantos desencontros.

E é exatamente esse clima de ‘não saber o que acontecerá’ que torna a história dos dois, mais emocionante. O incerto sempre foi, para os dois, algo presente em suas vidas. Não seria diferente agora. Acho que é o que eles sempre gostaram. Aí me pergunto: será que muda? Quem sabe na próxima vez...

5 comentários:

Cleudivan Haddokch disse...

Tan... de que livro é? huahuahuahua
Adorei.. apesar de precisar de mais uma leitura pra entender a história mais profunda... Adoro imaginar a cena...
Parabéns muito bom!
Bjs

Anônimo disse...

Muito bom post, dona tania

é bom ver que a senhorita resolver encarar seu destino de contista.

Muito bom mesmo, agora falta só definir um estilo e começar a partir corações por ai

=]
=*

João Oliveira disse...

Ah, não sei pq, mas achei esse texto a cara do blog... mais que todos.
Eu ja conheço seu estilo neh hihihi... e fico cada dia mais contente de passar por aqui
bjaaao

Unknown disse...

Tunica como o Ro diz eu escrevo tudo errado rsrsrsr , aindabem que vc não puxou pra mim pelo menos nessa parte. Ta tudo muito lindo viu parabens, bjssssss

kz disse...

Adorei seu blog! Começando por essa música do Arnaldo Antunes. Perfeita! Amei esse texto... dá uma agonia quando alguém escreve sobre uma coisa que você está passando! Enfim, parabéns! Muito bom mesmo! Vou ler tudo!