Nostalgia...

É incrível como uma noite, numa rua parcialmente iluminada e pouco movimentada, pode ser nostálgica. É domingo (próximo às 19 horas), tudo está vazio. A solidão alimenta cada momento. Isso para você não esquecer, nunca, que nada importa realmente. Nada importa. Os poucos carros que hora aparecem, tentam me enganar, como um certo consolo de que ainda há esperanças.
Seria melhor acreditar nisso. Certas coisas são mais fáceis de aceitar, quando se acredita nelas. Mas após o barulho dos motores e o afastamento da luz do farol, tudo volta a como estava. A pouca luz – estamos em lua nova – o frio começando a chegar – é outono - fazem com que eu me sinta pequena, ou melhor, fazem eu ter a certeza de como sou pequena, frente ao mundo e, por que não, ao universo. Esse universo fascinante por ser misterioso, por ser “indecifrável”.
De volta à rua, noto como suas arquiteturas são antigas. Suas calçadas, sujas e deformes, castigadas pelo tempo. Suas casas já não possuem o brilho que deveriam ter quando foram erguidas, pois suas paredes, hoje, estão opacas, sujas, descascadas. Novamente, vem a minha mente como sou pequena. Ver algo que já existe há tanto tempo (provavelmente, há mais tempo que eu), se desgastando assim, me assusta. E como assusta.
Me assusta o desconhecido. Me assusta aquilo que não posso mudar.
Caminho mais um pouco e vejo o final da rua. Um pouco mais de movimento, um pouco mais de iluminação. Agora, quero me livrar dessa sensação. Essa coisa estranha que tomou conta de meus pensamentos nesses poucos minutos de caminhada. Quero esquecer.
Mais alguns passos...tudo está em silêncio, quando ouço: “Boa noite”.
Era do que precisava. Alguém se importa, me nota. Respiro e respondo:
- Boa noite!!